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Ensaio Sobre a Cegueira, escrito por José Saramago, é uma obra marcante da literatura contemporânea que explora a fragilidade da civilização e as profundezas da condição humana.
O livro apresenta uma narrativa impactante, onde uma inexplicável epidemia de cegueira repentina se espalha, mergulhando a sociedade no caos.
Por meio de metáforas poderosas e uma prosa única, Saramago desafia o leitor a refletir sobre a verdadeira natureza da humanidade e sobre a "cegueira" que afeta nossa percepção do mundo.
Neste artigo, Vou abordar os principais temas do livro, analisar suas frases mais emblemáticas e entender o legado deixado por José Saramago.
Resumo do Livro
A trama de Ensaio Sobre a Cegueira começa quando um homem, subitamente, perde a visão enquanto está dirigindo.
Ele não vê mais do que uma bruma branca.
Essa cegueira inexplicável se espalha rapidamente como uma epidemia, e todos aqueles que entram em contato com o primeiro cego acabam perdendo a visão.
As autoridades, sem saber como conter o problema, isolam os infectados em uma quarentena rigorosa, mas essa medida se revela insuficiente, pois a cegueira continua a atingir mais pessoas, incluindo aqueles que estão no poder.
Dentro do local de quarentena, o desespero toma conta dos cegos, que lutam por comida e dignidade.
A ausência de uma ordem social estabelecida revela a natureza selvagem dos humanos, que são forçados a viver em condições precárias.
No entanto, a esposa do médico, uma das personagens centrais, é a única que misteriosamente continua enxergando.
Ela escolhe esconder sua habilidade de ver e usa seu dom para ajudar os outros, assumindo um papel quase messiânico em meio à tragédia.
Ao longo da narrativa, Saramago apresenta a cegueira não apenas como uma condição física, mas como uma metáfora para a ignorância, a indiferença e a crueldade que permeiam a sociedade.
Frases do Livro
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1. “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.”
Esta frase reflete a essência da identidade humana.
Saramago sugere que, por mais que tentemos nos definir por rótulos ou papéis sociais, existe algo mais profundo e indefinível dentro de nós.
Essa "coisa" sem nome é a nossa verdadeira natureza, muitas vezes oculta até de nós mesmos.
2. “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”
Aqui, Saramago nos chama à ação e à consciência.
Não basta apenas observar o mundo superficialmente; é preciso prestar atenção aos detalhes e enxergar além do óbvio.
Essa frase resume a mensagem do livro: estamos cercados pela cegueira do descaso, e precisamos reparar no que realmente importa.
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3. “A cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança.”
Saramago retrata a cegueira como um estado de desespero e ausência de fé no futuro.
Quando a esperança morre, a humanidade entra em colapso, e a cegueira se torna um símbolo da perda de propósito e direção.
4. “Sem futuro, o presente não serve para nada, é como se não existisse, Pode ser que a humanidade venha a conseguir viver sem olhos mas então deixará de ser humanidade.”
Esta reflexão filosófica conecta a visão com o conceito de humanidade.
A capacidade de enxergar o futuro e planejar é o que nos torna humanos.
Sem essa perspectiva, nos tornamos seres mecânicos, incapazes de verdadeira evolução.
5. “A maior dificuldade para chegar a viver razoavelmente no inferno é o cheiro que lá há.”
A frase descreve a degradação humana.
No caos da quarentena, as pessoas são forçadas a viver em condições tão desumanas que o "cheiro" do inferno se torna uma barreira simbólica.
Não se trata apenas de um odor físico, mas da podridão moral que acompanha a destruição da ordem social.
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6. “Na morte a cegueira é igual para todos.”
A morte nivela todas as diferenças.
A cegueira, no contexto da morte, é a ausência final de visão, de consciência, de vida.
Todos somos iguais diante dela, independentemente de nossas circunstâncias em vida.
7. "A pior cegueira é a mental, que faz com que não reconheçamos o que temos pela frente."
Saramago alerta para a cegueira psicológica e emocional que afeta nossa capacidade de perceber a realidade.
Muitas vezes, temos as respostas ou soluções bem diante de nós, mas nossa cegueira interna nos impede de enxergá-las.
8. "Estamos a destruir o planeta e o egoísmo de cada geração não se preocupa em perguntar como é que vão viver os que virão depois. A única coisa que importa é o triunfo do agora. É a isto que eu chamo a cegueira da razão."
Esta é uma crítica social e ambiental.
Saramago denuncia a cegueira coletiva que nos impede de ver as consequências de nossas ações para o futuro.
O egoísmo e a miopia humana estão destruindo o planeta, e essa "cegueira da razão" é uma das mais perigosas.
9. "É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade."
Uma visão sombria da natureza humana, onde Saramago aponta para a indiferença e a crueldade como características inerentes.
Ele nos convida a refletir sobre como esses traços nos influenciam e moldam a sociedade.
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10. "Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem."
A frase sintetiza a mensagem central do livro.
Saramago sugere que a humanidade já estava cega antes da epidemia.
Embora tenhamos a capacidade de ver, frequentemente escolhemos ignorar o que realmente importa.
11. "O medo cega."
O medo paralisa e impede a clareza de pensamento.
Em situações de crise, o medo pode nos levar a tomar decisões irracionais, obscurecendo nossa capacidade de agir de maneira lúcida.
12. "É mais fácil aceitar a cegueira do que a solidão."
A solidão é uma das emoções mais difíceis de suportar.
Saramago sugere que, em muitos casos, preferimos nos "cegar" para evitar o sentimento de isolamento, optando pela cegueira emocional como uma forma de proteção.
Biografia do Autor
José Saramago, nascido em 1922 em Azinhaga, Portugal, foi um dos maiores escritores da língua portuguesa.
Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1998, Saramago é conhecido por suas narrativas repletas de crítica social e por um estilo literário inovador, com parágrafos longos e pontuação peculiar.
Suas obras, como Ensaio Sobre a Cegueira e O Evangelho Segundo Jesus Cristo, exploram temas profundos da condição humana.
Saramago faleceu em 2010, deixando um legado literário poderoso e influente.
Conclusão
Ensaio Sobre a Cegueira é uma obra que transcende a ficção, servindo como um espelho para a nossa sociedade.
A cegueira que Saramago nos apresenta não é apenas física, mas simbólica, nos levando a questionar nossa capacidade de enxergar o que realmente importa.
O livro nos desafia a abrir os olhos para as injustiças e a indiferença que permeiam o mundo.
Sobre O livro :
Autor: José Saramago
Editora: Companhia das Letras
Idioma: Português
Capa Comum: 312 páginas
