Grande Sertão: Veredas é um marco da literatura brasileira e um dos maiores trabalhos de Guimarães Rosa.
Publicado em 1956, o livro é uma epopeia do sertão mineiro que explora temas universais como o amor, o medo, a traição, e principalmente, a luta entre o bem e o mal.
Narrado pelo jagunço Riobaldo, o romance traz uma linguagem rica e inovadora, que mistura o popular e o erudito, com uma complexidade que desafia o leitor.
Neste artigo, vou abordar a história de Riobaldo, explorar as lições profundas contidas em suas frases e entender o legado de Guimarães Rosa como um dos grandes autores do modernismo brasileiro.
Resumo do Livro
Grande Sertão: Veredas é narrado em primeira pessoa por Riobaldo, um jagunço que, em uma longa conversa com um ouvinte anônimo, relembra sua vida no sertão.
O relato de Riobaldo é uma mescla de lembranças pessoais, reflexões filosóficas e descrições das paisagens e pessoas que marcaram sua trajetória.
A história principal gira em torno de sua amizade ambígua com Diadorim, um companheiro de armas que desperta em Riobaldo sentimentos profundos e conflitantes.
Diadorim, que guarda um segredo revelado apenas no final do livro, representa para Riobaldo o mistério do amor e da amizade.
O enredo também é marcado pela luta entre os bandos de jagunços que percorrem o sertão.
A história de Riobaldo é entrelaçada com suas batalhas contra o bando de Hermógenes, seu principal inimigo.
Em meio a essa vida de violência, Riobaldo reflete sobre o bem e o mal, questionando a existência do diabo e a natureza da vida humana.
Ele se vê atormentado pela dúvida de ter feito um pacto com o demônio para conseguir o poder necessário para vencer seus inimigos.
À medida que a trama avança, Riobaldo se torna o líder de seu bando e, eventualmente, enfrenta Hermógenes em uma batalha decisiva.
No final, ele descobre que Diadorim, com quem lutou lado a lado durante anos, é na verdade uma mulher, o que muda completamente a forma como ele vê sua relação com o amigo.
O livro termina com Riobaldo refletindo sobre o sentido da vida, do amor, e sobre a luta constante entre o bem e o mal.
Frases do Livro Grande Sertão: Veredas – Insights e Reflexões Profundas
1. “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”
Aqui, Guimarães Rosa inverte o conceito tradicional de mestre, sugerindo que o verdadeiro aprendizado acontece quando o mestre se permite aprender com as situações e com os outros.
A vida é uma troca constante de saberes, e ninguém está completo em sua sabedoria.
2. “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
Rosa descreve a imprevisibilidade da vida, cheia de altos e baixos, desafios e momentos de paz.
Diante dessa montanha-russa de emoções, a única coisa que a vida exige de nós é coragem para enfrentar o que vier.
3. “Tem horas em que penso que a gente carecia, de repente, de acordar de alguma espécie de encanto.”
Esta frase traz à tona a ideia de que muitas vezes estamos imersos em ilusões ou encantos que nos impedem de ver a realidade.
Rosa sugere que precisamos despertar de nossos enganos para enxergar o mundo como ele realmente é.
4. “Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.”
Riobaldo, ao reconhecer sua ignorância, expressa uma sabedoria humilde.
Ele sabe que não sabe tudo, mas sua desconfiança é um sinal de que está sempre em busca de respostas e de uma compreensão mais profunda da vida.
5. “Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”
Rosa destaca a importância do amor como elemento fundamental para a convivência humana.
O amor é um refúgio, uma cura para a insanidade do mundo.
Ele permite que nos relacionemos de forma saudável, sem os perigos do ódio.
6. “A gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve de tolerar ter.”
Esta frase é uma reflexão sobre o controle emocional.
Guimarães Rosa sugere que às vezes precisamos fingir raiva para sobreviver em determinadas situações, mas nunca devemos deixar que a raiva verdadeira tome conta de nossas ações, pois isso nos prende e nos prejudica.
7. “O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.”
Para Rosa, a beleza da vida está na constante transformação das pessoas.
Ninguém é um ser completo, todos estamos em constante mudança, aprendendo e evoluindo.
Esta visão dinâmica da vida humana é central no livro.
8. “Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado.”
Nesta frase, Rosa define a amizade como uma relação de igualdade, onde não há barreiras ou pretensões.
A amizade verdadeira é um espaço de honestidade e prazer em estar na companhia do outro.
9. “A vida é ingrata no macio de si; mas transtraz a esperança mesmo do meio do fel do desespero.”
Mesmo em seus momentos mais difíceis, a vida sempre oferece uma pequena chama de esperança.
Esta frase reflete o otimismo sutil de Guimarães Rosa, que reconhece a crueldade da vida, mas também enxerga a possibilidade de superação.
10. “A gente morre é para provar que viveu.”
A morte, para Rosa, é a confirmação da vida.
Morremos porque vivemos, e a vida ganha sentido em sua finitude. A morte dá valor ao que vivemos e experimentamos.
11. “O senhor sabe o que silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
O silêncio é mais do que a ausência de som; é um estado de introspecção.
Guimarães Rosa nos leva a refletir sobre o quanto o silêncio nos coloca em contato com nós mesmos, com nossos pensamentos e emoções mais profundos.
12.“Julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.”
Rosa sugere que qualquer julgamento é falho porque sempre está baseado em eventos passados, em memórias que podem ser distorcidas ou incompletas.
Julgar é uma tarefa arriscada e imperfeita.
13.“Quem desconfia, fica sábio.”
A desconfiança, para Rosa, é um caminho para a sabedoria.
Quando questionamos o que nos é apresentado, estamos abrindo espaço para o aprendizado e o crescimento pessoal.
14. “Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só fazer outras maiores perguntas.”
A vida é um ciclo constante de perguntas e respostas.
Ao viver, aprendemos, mas o aprendizado nos leva a novos questionamentos, em um processo interminável de busca por conhecimento e entendimento.
Quem Foi Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa nasceu em 1908, em Cordisburgo, Minas Gerais.
Médico e diplomata, Rosa é uma das vozes mais inovadoras da literatura brasileira.
Seu estilo linguístico, com uma prosa experimental, explora as profundezas da linguagem popular e cria novos significados.
Grande Sertão: Veredas é sua obra-prima, uma fusão de mitologia, filosofia e reflexão sobre o sertão brasileiro.
Ele faleceu em 1967, apenas três dias após tomar posse na Academia Brasileira de Letras.
Conclusão
Grande Sertão: Veredas é uma obra monumental que nos leva a refletir sobre as dualidades da vida: bem e mal, amor e ódio, certeza e dúvida.
Através de uma narrativa densa e profunda, Guimarães Rosa nos oferece uma jornada pelo sertão e pela alma humana.
Este livro continua a desafiar e encantar leitores, com suas reflexões atemporais sobre o significado da existência.
Sobre o Livro:
Livro: Grande sertão: veredas
Autor: João Guimarães Rosa
Editora: Companhia das Letras
Idioma: Português
Capa Comum: 560 páginas
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